sessão de abertura
sessão de abertura
“Isso é um jogo, todos sabem e fingem não saber.
Um jogo diário, exaustivo e permanente, entre a beleza e a crueldade, o amor e o terror.
Um jogo, um truque, uma charada – muito mais.”
É com essa provocação enigmática que se inicia Noturno em Re(cife) Maior, de Jomard Muniz de Brito. E é com ela que abrimos a primeira edição do Festival Noturno.
Em 1981, Jomard realiza talvez seu filme mais radicalmente “Jomardiano”: uma obra que ri e dança, morde e beija, carregando o delírio das madrugadas de uma cidade em transe. Nele, o Vampiro Cadengue (Antonio Cadengue) vaga pelas noites recifenses com unhas vermelhas, capa preta e um buquê de rosas murchas. É um vampiro da boemia – atravessa bares e boates, encarna o espírito do deboche e provoca os que cruzam seu caminho.
Jomard nos entrega aqui um cinema marginal, insurgente. A cada plano, o filme sabota convenções e convida o espectador a entrar no jogo: que cinema é esse? Que cidade é essa? Que noite é essa que atravessa os corpos, as políticas, os afetos?
Não por acaso, escolhemos esse filme como rito de abertura. Noturno em Re(cife) Maior nos convoca. Ele funda o espírito do Festival Noturno: um espaço de celebração do que escapa, do que não se doma. Um festival para filmes que, como o vampiro de Jomard, erram e encantam, que dançam entre o sublime e o grotesco, que reivindicam o direito ao delírio, à invenção e à escuridão.
Seja bem-vinde ao Noturno